quarta-feira, 7 de novembro de 2012

ATIVIDADE SOBRE A ESCRAVIDÃO DESENVOLVIDA PELO BOLSISTA NA ESCOLA MUNICIPAL "MINISTRO EDMUNDO LINS"


      No dia 16 de Outubro, foi desenvolvida uma atividade com os alunos do 8º ano sobre a escravidão. O bolsista do PIBID, juntamente com a professora Sueli, estabeleceu uma reflexão com os alunos acerca do trabalho escravo durante o período imperial e o trabalho escravo presente ainda hoje no Brasil.
    A necessidade do exercício surgiu pela dificuldade dos alunos em compreenderem a submissão dos negros quanto ao trabalho escravo e algumas características particulares do próprio sistema escravista em si. Ao trabalhar o tema sobre a escravidão no Brasil imperial, a turma não compreendia e perguntava: “Mas como alguém pode aceitar ser escravo e viver nessas condições?”, “Por que os escravos não se libertavam sozinhos?”.
    Em decorrência disso, foi preciso pensar uma atividade que pudesse deixar claro aos alunos que a escravidão não era uma condição a qual o escravo podia deixar de pertencer simplesmente por sua vontade, mas que era uma questão que dependia de uma série de fatores, sejam eles externos ou não. Para que a turma percebesse essa questão, foi utilizado um texto que discute o trabalho escravo nos dias de hoje e que serve como via de acesso para se pensar a própria escravidão historicamente. O artigo escolhido foi “Trabalho Indecente” escrito por Vivi Fernandes de Lima, que aborda justamente a questão do trabalho compulsório em inúmeras fazendas brasileiras e a falta de fiscalização e punição dos fazendeiros que se utilizam da mão de obra escrava:

Antônio morava no Maranhão e precisava de trabalho. Até que ficou sabendo que uma propriedade estava recrutando peões. Ele se interessou e foi com mais 41 trabalhadores para o local do serviço. Chegando lá, foi vendido por R$ 80,00 ao fazendeiro Miguel de Souza Rezende. Ele passou a trabalhar na derrubada da mata e na limpeza do pasto. Dormindo em barraco, passando fome, sem dinheiro para enviar à família e ainda devendo ao armazém da fazenda, decidiu fugir. Mas o cantineiro avisou: “Não faça isso, que eles te matam”, referindo-se aos muitos jagunços armados que rondavam a fazenda. Um colega de Antônio fugiu e o grupo chegou a ouvir tiros à noite.[1]


    O principal motivo pela escolha do exercício foi justamente discutir com os alunos o fato de que a escravidão ainda existe, infelizmente, no Brasil. O texto deixa clara a questão do desrespeito aos direitos constitucionais brasileiros.
      Tão importante quanto, é o fato dos alunos perceberem relações de continuidade entre o passado e o presente. Assim como de diferenças. Hoje em dia a escravidão acontece do mesmo modo que antes? O que mudou? Essas foram perguntas que nortearam o exercício.
      Desse modo, foi possível que os alunos estabelecessem links entre as temporalidades, percebendo assim que do mesmo modo que o trabalhador das fazendas de hoje está preso ao trabalho por uma série de questões, o escravo no período imperial também estava. E, mais importante, que ambos precisam de uma série de fatores para que possam sair dessas condições. Dentre eles pode-se destacar o fato de que, no passado, os negros precisavam da influência e da luta dos abolicionistas. Atualmente, os trabalhadores rurais necessitam cada vez mais das fiscalizações por parte do governo.
       A turma, em um primeiro momento, mostrou-se surpresa com as informações contidas no artigo, mas foi capaz de diferenciar as principais particularidades do trabalho escravo do século XIX e o trabalho compulsório dos dias de hoje.
    De forma geral, todos receberam a atividade de forma positiva. A reflexão, intermediada pelas comparações entre as distintas temporalidades, facilitou a compreensão do conteúdo. Também possibilitou aos alunos chegarem à conclusão de que por mais que a escravidão tenha sido abolida a mais de 100 anos, ainda existem resquícios flagrantes dessa forma de exploração no Brasil.
       E isso é particularmente interessante, visto que o próprio conceito de “abolição” foi posto em cheque, pois, em pleno século XXI existem uma série de fatores que levam o homem a explorar de forma desumana o seu semelhante. Por isso, não foi surpresa quando um dos alunos levantou (com suas respectivas ressalvas, é claro) a questão de que os fazendeiros do Brasil imperial não se diferem tanto assim dos grandes latifundiários abordados no artigo.
      Assim, considera-se que o principal resultado foi obtido: despertar um posicionamento crítico dos alunos sobre acontecimentos passados, mas que ainda se mostram marcantes no presente.

Bolsista: Rayner Lacerda

[1] Retirado de http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/trabalho-indecente. Acesso em 05 de Outubro de 2012.

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