Ao longo do mês de Outubro os alunos dos
sétimos anos da professora Sueli estudaram principalmente dois assuntos: 1) África
(capítulo 8 do livro didático) e 2) Povos pré-colombianos (capítulo 9 do livro
didático).
Sobre o item 1 o capítulo traz questões
como a religiosidade dos africanos, os diferentes reinos da África, o comércio,
a escravidão africana e as perdas demográficas causadas pela mesma, o tráfico
negreiro, dentre diversos outros pontos. Estes ressaltados foram os
privilegiados ao longo da atividade que será descrita adiante. Relacionado ao
segundo tópico, o livro traz a diversidade dos povos americanos (incas, astecas,
maias, indígenas do Brasil e os sioux na
América do Norte). A atividade que será exposta adiante foi aplicada
enfatizando mais questões como: a riqueza da fauna e flora, a vida cotidiana
dos nativos antes da chegada dos europeus, a ameaça da vida dos mesmos com a
colonização, a misgenação possibilitada pela “exploração” da América por parte
dos europeus e outras temáticas possíveis abordadas ao longo do capítulo 9 do
livro estudado.
Neste sentido foi desenvolvido um
trabalho de forma menos tradicional. Para abordar o primeiro assunto foi
trabalhado o conteúdo de três músicas selecionadas do grupo Raíces da América. Grupo brasileiro que
cantam questões relacionadas à América com letras riquíssimas em conteúdo
histórico e uma mistura de ritmos latinos que é percebido pelos instrumentos
utilizados. Cantam questões sociais, relacionadas ao abandono do menor, ao
racismo, dentre outras. Surgiu no momento da ditadura militar brasileira, época
em que a classe estudantil era caracterizada por ser mais engajada, logo teve
boa receptividade entre os estudantes. As músicas escolhidas são: Terra Prometida, Mira Ira e Fruto do Suor.
[1] As
letras seguem abaixo:
Fruto do Suor –
4´30"(Tony Osanah / Enrique Bergen)
A
terra nova era um paraíso
O milho alto e os rios
puros
Dormia o ouro a cobiça ausente Era o índio senhor do continente Foram chegando os conquistadores Os africanos e os aventureiros O índio altivo se mesclou aos escravos: Nascia um novo tipo americano.
O interesse fabricou
carimbos
O ódio à toa levantou paredes, A baioneta desenhou fronteiras E a estupidez nos separou em bandeiras
Tenho um filho desta
terra
Foi um amor sem passaporte Se o gestar foi brasileiro Não me chames de estrangeiro Cada pedra, cada rua Tem um toque de imigrantes Levantaram com seus sonhos Um país que não tem donos.
O suor fecunda o solo
E a semente não pergunta Brasileiro ou imigrante? Só o fruto é importante. Não me sintas forasteiro. Não me invente geografias Sou tua raça, sou teu povo, Sou teu irmão no dia-a-dia. |
Mira Ira – 4’45”
|
Terra
Prometida– 3´33"
(Mariano)
Viajam os imigrantes
A terra prometida Verdes cachoeiras Frutos tropicais Mar o sal da terra sol amor e paz
Defrontam-se
com a miséria
Sem teto e sem guarida
Sorrindo eternamente na terra prometida Do oriente ao ocidente navegam os imigrantes Trazendo em sua carcaça o tom da guerra e sangue Cálice
Repartir
o pão
É a lei divina
Semear o amor Vida cristalina
Pro
norte sul leste oeste
Sim a terra prometida
Semear e cultivar o chão Frutos do suor...
Os
povos que emigram
A terra prometida
Sem raça e sem cor Criança beija-flor Brasil promessa de vida Brasil promessa de vida Aqui jaz terra prometida |
Após ler, cantar e ouvir as músicas os alunos interpretaram o
conteúdo intermediados pela fala do professor e do bolsista quando necessário.
Pretendemos uma aula conversada e a matéria será apresentada aos alunos então
de forma dialogada partindo de suas interpretações em relação ao que acabaram
de ler e ouvir. É um exercício interessante visto que os instiga a pensar,
refletir, a ouvir a música para aprender, a cantar, enfim, trabalha com
variadas habilidades. Ao final da explicação do conteúdo foram passadas
atividades para avaliar o rendimento e o resultado desta aula consistindo em
três etapas:
A -
Ilustrar as músicas;
B -
Selecionar palavras desconhecidas e buscar pelo seu significado no dicionário
C -
Identificar quaisquer elementos da música que eles julguem compatível com as
disciplinas História e Geografia estudada na escola.
(Para
esta atividade utilizamos o rádio para tocar as músicas aos alunos.)
Os
objetivos desta atividade foram diversos, dentre eles:
- Analisar a música como conteúdo histórico;
- Compreender a matéria através deste recurso;
- Analisar as músicas de forma crítica, lembrando que a própria música em si já traz sua crítica;
- Promover interação na sala ao estimula-los a cantar;
- Desenvolver habilidades como o desenho;
Abordando, então, uma diversa gama de conteúdos presente no livro
didático, como: América Latina, Povos nativos, chegada dos Europeus, o
continente americano antes dos Europeus e a visão de “Paraíso”, miscigenação e
mineração no Brasil.
Quanto ao
tema “África” propomos a apresentação do filme de produção nacional de 1985
dirigido por Walter Lima Junior, com duração de 115 minutos e gênero “drama
histórico” Chico Rei. Personagem
lendário, Galanga seria rei do Congo e trazido a Ouro Preto, antiga Vila Rica
como escravo. Como rei, prometeu liberdade a seu povo e a conquistou, segundo a
lenda. É importante assinalar que é um filme adequado a faixa etária dos
alunos, visto que é uma das indicações presente no próprio livro, porém para
abordar outro conteúdo (A mineração).
“Em meados do século XVIII era intenso o tráfico
de negros da África para o Brasil Colonial. Arrancados de suas tribos, eram
amontoados em navios negreiros e mantidos aqui como mão de obra escrava.Entre eles estava Chico Rei. A lenda conta que este negro
passou por inúmeros sofrimentos e que, aqui chegando, teve sempre em mente
libertar seu povo das correntes da escravidão.Em Vila Rica (atual Ouro Preto)
onde trabalhava, Chico Rei descobriu uma grande reserva de ouro que o permitiu
comprar a carta de alforria e, tempos depois, a própria mina do Senhor
endividado tornando-se o primeiro negro proprietário. Com o ouro da mina, os negros compraram sua liberdade e construiram
no alto da cidade, uma igreja para a Padroeira, Santa Efigênia. Chico Rei foi um dos muitos africanos que chegaram a Ouro Preto na
condição de escravo, para trabalhar na mineração do ouro em terras mineiras. Veio ao Brasil como prisioneiro de guerra, juntamente com seus filhos e
sua mulher. No trajeto realizado em um navio, presenciou serem lançados acorrentados ao mar
sua mulher e seus filhos, por se apresentarem em condições mais frágeis
perante os demais prisioneiros, restando ele e seu filho, o príncipe
Muzinga. Rei de sua tribo, Chico Rei lutou pela liberdade dos seus súditos na América, alforriando-os. Tornou-se um líder na antiga Vila Rica, e hoje representa
um símbolo de liberdade no Brasil.”[2]
A intenção em trabalhar com este filme
é diversa. Primeiramente, atentando para uma história local e patrimonialista
que raramente vemos em escolas podemos abordar a questão do tradicional Congado
de São José do Triunfo – distrito de Viçosa. Assim a História local está
intimamente atrelada a uma ideia de patrimônio imaterial que pode ser
trabalhada em sala de aula mostrando tanto traços da cultura e religiosidade
afro-brasileira como viçosense, visto que esta manifestação ocorre até os dias
atuais.
Como
esta representação religiosa apresenta elementos africanos e católicos podemos
trabalhar a questão do SINCRETISMO ao mesmo tempo em que delineamos ambas as
culturas e religiosidades. A
valorização de uma história oral, que permite ao aluno identificar traços
religiosos, familiares, tradicionais, manifestações do passado que ocorrem
ainda hoje, como a Festa do Rosário, quando temos a apresentação do Congado faz
com que o mesmo se sinta inserido e valorizado no processo histórico. Ao entender que a História (enquanto memória) pode
ser produzida também pelos grupos sociais os próprios alunos
se inserem no processo histórico e percebem a importância dessa técnica.
Além
do sincretismo, de traços da religiosidade e cultura africana, da questão de
História local e patrimônio imaterial o filme nos possibilita transmitir ao
aluno que a História do século XVIII tem relação com a sua realidade atual,
pois a Festa de Nossa Senhora do Rosário, bem como a apresentação do Congado se
dão ainda hoje. Outro ponto que aproxima o passado do presente dos alunos é que
Chico Rei já foi cantado no samba enredo da escola de samba carioca, Salgueiro,
em 1964.
Enfim,
tendo em vista as questões anteriores, julgamos pertinente o trabalho com o
filme em sala de aula, utilizando como recurso data show e notebook. Além de
trabalhar com pesquisa os alunos produziram desenhos também sobre o filme.
Abaixo a atividade pedida após a exibição do filme:
1 - Dentre as principais
manifestações religiosas presentes na sociedade mineira atual e que ainda
sobrevive de maneira resistente em diversas partes do estado, encontra-se o
Congado – manifestação religiosa popular de formação afro-brasileira, também
conhecida como congada ou congo. Esta manifestação religiosa unifica elementos
presentes nas culturas e ritos africanos com manifestações católicas
portuguesas, criando um novo modo de interação de um povo com sua religiosidade
e fé.
Pesquisa sobre o Congado de São José do Triunfo. Procure saber com seus
pais, avós, vizinhos sobre como e quando esta festividade acontece, quais as características
mais marcantes, os cantos, as roupas, alegorias, a tradição, enfim, TODO TIPO
DE INFORMAÇÃO QUE CONSEGUIREM.
2 - Como vimos no
filme e diariamente nos livros, revistas, tv, músicas, etc., os africanos
deixaram uma herança para nós, povo brasileiro. Herança que pode ser entendida
do modo cultural, religioso, culinário, dentre outros. Então, destaque em sua
cidade elementos que você atribui a esta herança africana para os brasileiros.
3 - Vocês perceberam ao longo do filme que há elementos da
religiosidade africana se misturando a elementos católicos, este fenômeno de
mistura é denominado SINCRETISMO. Faça uma pequena pesquisa e explique o que é
sincretismo e responda onde você identificou esta característica no filme.
Os resultados alcançados podem ser avaliados
como bons, mas que podem ainda melhorar. Os trabalhos que recebi foram
caprichados e percebi um bom desenvolvimento, mas alguns alunos não fizeram
(principalmente a atividade que envolvia o uso do dicionário), houve algumas
cópias dos colegas (o que ocorre às vezes com todas as turmas, acredito) e o
problema com a ortografia que ainda não foi totalmente superado. A metodologia
de ensino utilizada este mês agrada a maioria, visto que fugiu do caráter
tradicionalista das aulas, os alunos participaram, leram, cantaram e
desenharam, mas foram um pouco “resistentes” com as atividades escritas que
exigia um certo grau de “pesquisa”.
Bolsista: Luana Paiva
REFERÊNCIAS:
Sites:
·
Disponível
em: http://www.raicesdeamerica.com/ Acessado em: 27
de Setembro de 2012.
·
Disponível
em: http://www.filmesraros.com/loja/product_info.php?products_id=84 Acesso em: 27
de Setembro de 2012.
Livro
didático:
·
BRAICK, Patrícia Ramos e MOTA, Myriam
Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio. 2. ed. São Paulo:
Moderna, 2006.
[1] Disponível em: http://www.filmesraros.com/loja/product_info.php?products_id=84 Acesso em: 27 de Setembro de
2012.
[2]
Disponível em: http://www.raicesdeamerica.com/ Acessado em: 27 de Setembro de
2012.
Nenhum comentário:
Postar um comentário