segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Entrevista para debate


A Superintendente do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária, Anna Helena Altenfelder, levanta uma boa análise do retrato da educação no Brasil, aborda a respeito da falta de atenção que o Ensino Fundamental II tem dentro das políticas educacionais, como também demonstra os principais problemas e soluções para a melhoria do desempenho dos estudantes dessa fase do ensino. Veja a entrevista na íntegra (Clique aqui) e deixe sua opinião a respeito das soluções indicadas pela pedagoga.

Bolsistas: Daniela Nalon e Sara Helena


quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Olhares artísticos sobre a escravidão no Brasil- Jean Baptiste Debret



A professora, Fátima Freitas, trabalhou em sala de aula o conteúdo sobre o período joanino brasileiro com os estudantes das turmas do 2º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Raul de Leoni. O período joanino tradicionalmente é retratado nos livros didáticos pelo âmbito político, no qual, busca enfocar em uma linha de pensamento histórico promovida pela relação dos grandes personagens e dos grandes homens. Desse modo, com a finalidade de complementar o assunto, procuramos também apresentar à classe as formas de expressão de uma época por meio das manifestações culturais.
Durante a primeira metade do século XVI, por meio do tráfico negreiro, os escravos chegaram ao Brasil e permaneceram nessa condição em mais de três séculos até a abolição. Esse cenário é retratado por diversos artistas que vieram ao Brasil a partir de 1816 através da Missão Francesa como, por exemplo, Jean Baptiste Debret. Atualmente a população brasileira afrodescendente é maior que a de qualquer outro país, exceto a África, e percebe-se que ainda há marcas desse cenário que se expressa em forma de racismo e discriminação.
Com a vinda da corte para o Brasil, houveram diversas mudanças na principal colônia de Portugal, entre as medidas tomadas após a recepção da corte no país houveram também a instalação de tribunais de justiça, criação do banco do Brasil e transformações econômicas, estruturais e culturais.
No Rio de Janeiro, transformado em sede do governo, a população diversificou-se com uma concentração de estrangeiros, que realizavam as mais diversas funções, como comerciantes, fazendeiros, proprietários de terras e escravos e donos de áreas urbanas. Fundaram-se escolas de medicina, de marinha e da guerra, foi instalada uma livraria, que daria origem à Biblioteca Nacional e também foi construído o Jardim Botânico, a Academia de Belas Artes, entre outros.

A implantação da Academia de Belas Artes no Rio de Janeiro permitiu a contratação de artistas e professores estrangeiros que chegaram ao país em 1816, com a chamada Missão Francesa. A Missão Francesa era chefiada por Joaquim Lebreton e trazia pintores e escultores, entre eles Jean Baptiste Debret.
O artista instalou-se no Rio de Janeiro em 1817 e permaneceu até 1831. Durante esse período, procurou demonstrar com detalhes a formação do Brasil e o sentido cultural de povo e nação: os indígenas e suas relações com o homem branco, as atividades econômicas e a presença da mão de obra escrava e as instituições políticas e religiosas.      
O objetivo da atividade foi propiciar aos alunos uma outra forma de se perceber o ensino de história em que muito mais do que político, há também uma história não das elites que compõe a sociedade colonial da época com os seus ritos, costumes e crenças. Portanto, a atividade também procurou mostrar aos estudantes a situação vivida pelos negros retratados por Debret, corroborando o seu papel na sociedade, sem raras exceções, demonstrando que esta situação estava atrelada a um formato social de subjugação com os brancos que representavam a minoria na colônia.
A atividade se baseou na seleção de três obras de Debret, sendo elas, “Negras livres vivendo de suas atividades- 1829”, “ O jantar no Brasil- 1827” e “Uma senhora brasileira em seu lar- 1823”. As pinturas artísticas tiveram a intenção de entender o pensamento de uma época e evidenciar que a cultura europeia não era hegemônica, e sim, convivia com outras formas de culturas. 
Na obra “ Negras livres vivendo de suas atividades- 1829”, é retratada a população feminina livre que para o seu sustento realizavam algumas atividades comerciais, vendendo frutas e quitutes. Ainda mais, é interessante pensar que as negras livres estavam em maior número nas cidades em relação aos homens libertos. As mesmas se apresentam à sociedade bem vestida simbolizando uma diferenciação com as escravas. 
Em “ O jantar no Brasil- 1827”, Debret apresenta costumes brasileiros na hora do jantar. Podem-se identificar facilmente quais personagens são livres e quais são cativos, principalmente pela cor da pele e também pelo fato de que os negros estão à disposição dos brancos para qualquer situação, como a negra que abana o casal e aqueles que estão observando a refeição. Se por um lado havia uma mesa farta para os brancos, por outro os negros demonstravam uma situação de fome, como pode ser visto através do olhar fixo do negro em direção à comida em pé perto da mesa.
A farta mesa apresenta a desigualdade social existente na época, voltada para uma concepção patriarcal e escravista.

E por último, “Uma senhora brasileira em seu lar- 1823” apresenta o interior da casa de uma família de prestígio na sociedade brasileira, onde, em primeiro plano, aparecem os escravos e a mulher branca e sua filha, em segundo. Nesta obra, Debret evidencia a hierarquização social não só entre brancos e negros, mas também entre os próprios escravos, por exemplo, a escrava de quarto da senhora é caracterizada com uma roupa e penteado diferentes e ocupa um lugar próximo a sua dona. Enquanto isso, os outros aparecem mais afastados, com vestimentas mais simples e a cabeça raspada.
A organização social dentro dos lares mostra que os escravos também faziam parte desse cenário e estavam submetidos às ordens dos senhores e também de escravos que tinham uma posição um pouco mais elevada.

Após a exposição das obras de Jean Baptiste Debret foi solicitado uma oficina na qual os estudantes fizessem o exercício de confronto entre o passado e o presente a partir da pluralidade cultural já que, no Brasil, após mais de 100 anos de libertação, a população negra ainda se encontra em uma condição de exclusão em vários âmbitos, como a educação, saúde, política e o econômico.
Por fim, podemos notar que através de uma atividade complementar ao livro didático que se desloca mais para o âmbito social é de grande primazia para a forma de aprendizado com o aluno pois apresenta uma maior possibilidade de contextualização com o tempo presente do estudante, possibilitando um diálogo agradável entre professor e aluno.





BIBLIOGRAFIA
COTRIM, Gilberto. História Global – Brasil e Geral. Volume único. 8ª edição. São Paulo: Saraiva, 2005. Volume único.
FERREIRA, João Paulo Hidalgo. Nova História Integrada: Ensino Médio: volume único: manual do professor / João Paulo Hidalgo Ferreira, Luiz Estevam de Oliveira Fernandes. 1ª edição. Campinas, SP: Companhia da Escola, 2005.
ZANIN, Larissa Fabrício. A corte portuguesa e o escravismo no Brasil sob o olhar de Debret. Vitória, 2007. Disponível em: http://www.historia.ufes.br/sites/www.historia.ufes.br/files/Larissa_Fabr%C3%ADcio_Zanin.pdf. Acesso em: 17 de março de 2013.
ANAIS DO XV ENCONTRO REGIONAL DE HISTÓRIA DA ANPUH – RJ, 15., 2012. SOUZA, Thabatta Oliveira. “Desenvolvendo Jean Baptiste Debret em sala de aula”. Anais do XV Encontro Regional de História da ANPUH – RJ. Rio de Janeiro: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: http://www.encontro2012.rj.anpuh.org/resources/anais/15/1338052048_ARQUIVO_Didatica[1].pdf. Acesso em: 17 de março de 2013.
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de história: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004.


Bolsista: Bruna Barbosa da Silva