sábado, 7 de dezembro de 2013

A Reforma Agrária e sua relação com as Capitanias Hereditárias



Na Escola Estadual Raul de Leoni, juntamente com a Professora Fátima, foi trabalhada a questão fundiária do Brasil na Turma 106 do primeiro ano do Ensino Médio. Além de apresentar aos alunos os conteúdos pragmáticos que constam no livro didático, relativos a esse tema, tivemos o objetivo de ir além, propondo aos alunos um debate atual sobre essa questão. Desde tempos do descobrimento, a questão fundiária foi complexa de se resolver. Esse problema remonta mais ou menos ao ano de 1530, quando a Coroa Portuguesa via-se em uma necessidade de expansão do território recém-descoberto, de desvendar a extensão e os tipos de terras que haviam no Brasil, além do temor de Portugal em relação às invasões estrangeiras feitas por piratas ingleses, franceses e holandeses que saqueavam as riquezas da Colônia.
            Por essa razão, a Coroa cria o sistema de Capitanias Hereditárias, sistema esse que consistia na distribuição de grandes partes de terras em território brasileiro, as quais foram divididas em faixas estipuladas por linhas imaginárias. As linhas divisórias partiam do litoral até onde era delimitado pelo Tratado de Tordesilhas, que dividiu o Brasil em duas partes: uma parte pertencente a Coroa Portuguesa e outra a Coroa Espanhola. Essas partes gigantescas de terra foram cedidas a nobres portugueses e pessoas de confiança do rei, os quais podiam explorar a mão de obra local, desfrutar a terra, além de poderem produzir e explorar, em troca de oferecerem a Coroa um sexto de toda a produção que obtivesse como também a vigilância das terras adquiridas.
Esse sistema durou aproximadamente até 1821, a pouco mais de um ano da declaração da independência. Isso porque após Independência do Brasil, acabaram as leis específicas sobre a distribuição fundiária e sendo assim, a posse da terra se dava pela “lei do mais forte” e envolvia antigos proprietários e grandes fazendeiros apoiados por bandos armados. A única restrição existente era a de que não se podiam ocupar terras públicas, a não ser que fossem compradas pelo dinheiro do Império, o que privilegiou ainda mais os latifundiários que eram os únicos que teriam condições de adquirir essas terras e assim expandirem cada vez mais suas propriedades.
Esse período foi marcado pela violência e por muitas mortes devido à disputas desenfreadas por terras. Sendo assim, houveram as primeiras discussões a respeito de uma restruturação fundiária, mas sem mais providências.  A partir da apresentação desses fatos foi proposta para os alunos uma relação com a atual Luta existente pela Reforma Agrária juntamente com a exibição de um vídeo no qual se discutiam os pontos de vista de quem condena e de quem defende a Reforma Agrária.
O vídeo exibido para os alunos se chama “Repórter Justiça – Reforma Agrária”, disponível em http://www.youtube.com/watch?v=nqD5KUH7gDw. O vídeo é interessante, por apresentar os dois debates existentes envolvendo a Reforma Agrária. No início, exibe os primórdios da Luta por Terras e essa relação histórica que vem desde as capitanias hereditárias. A segunda parte do vídeo mostra primeiramente a luta de quem aguarda e defende a reforma agrária, os acampamentos montados e as suas principais reivindicações. Após essa parte, o vídeo apresenta os latifundiários, seus advogados e o governo com suas justificativas para demonstrar a dificuldade e os problemas relativos à Reforma Agrária. É interessante destacar que o vídeo prende a atenção dos alunos por trazerem depoimentos reais quando, por exemplo, vai até aos acampamentos do MST (Movimento dos Sem Terra) e entrevistam os acampados que vivem em condições desumanas.
O que nos fez escolher esse vídeo é a imparcialidade que ele transmite não se mostrando nem a favor, nem contra ambos os lados e é isso que a aula de história deve proporcionar. O objetivo é que cada aluno em particular tenha a sua opinião própria em respeito à Reforma Agrária e pensando nisso, como forma de avaliação pedimos para que cada um deles fizesse um pequeno comentário escrito abordando os pontos que achassem relevantes. Vale destacar que não pedimos aos alunos para escolherem um dos lados desse debate, embora isso tenha ocorrido. Além disso, os alunos se interessaram pela atividade por apresentar uma relação na qual muitos deles nunca haviam pensado. Acredito que a proposta foi enriquecedora tanto para os alunos, como para nós, pois nos fez pensar mais possibilidades de se trabalhar utilizando essa relação “passado e presente”. Em suma, a experiência foi proveitosa, pois procurou desenvolver um senso crítico nos alunos. 

Manifestação do MST. Disponível em: http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.tocadacotia.com/wp-content/gallery/movimento-sem-terra

Grande Latifúndio. Disponível em: https://www.google.com.br/search?q=latifúndios&espv=210&es_



Referências Bibliográficas:
Artigos sobre Reforma Agrária no Brasil. Disponível em: http://reforma-agraria-no-brasil.info/mos/view/Resumo_da_Quest%C3%A3o_Agr%C3%A1ria_no_Brasil/. Acesso: 05 de Nov. de 2013.
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de História: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2004.
COTRIM, Gilberto. História Global – Brasil e Geral. Volume único. 8ª edição. São Paulo: Saraiva, 2005. Volume único.
“Repórter Justiça – Reforma Agrária”. Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=nqD5KUH7gDw. Acesso: 05 de Nov. de 2013.



Bolsista: Laís Maia



Nenhum comentário:

Postar um comentário