domingo, 8 de dezembro de 2013

DIA NACIONAL DA CONSCIÊNCIA NEGRA: O ELEMENTO NEGRO NA COSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DE VIÇOSA-MG



Este trabalho foi desenvolvido tendo em vista as comemorações do Dia Nacional da Consciência Negra, contou como o apoio da Professora Maria Alice e os estudantes do primeiro GA da Escola Estadual Effie Rolfs. (Veja o planejamento da atividade)
O Dia da Nacional da Consciência Negra, se tornou não mais um mero dia no calendário nacional, mas uma forma de lembrar o sofrimento dos negros ao longo da história e  da busca por  garantir seus direitos sociais. Um dia marcado pela luta contra o preconceito racial, contra a inferioridade da classe perante a sociedade, o respeito enquanto pessoas humanas, além de discutir e trabalhar para conscientizar as pessoas sobre a importância da raça negra na formação do povo e da cultura do nosso país.
Buscando inserir a realidade do aluno no conteúdo programático, pretendi realizar uma pesquisa e confeccionar um trabalho sobre a participação do elemento negro na história da cidade Viçosa-MG. Aliando História Local no contexto da História Nacional como forma dos alunos entenderem que os indivíduos históricos se relacionam e que a história de sua cidade não é um caso isolado, mas que num mesmo discurso ela é também um agente histórico.
Segundo PANIAGO (1990) o elemento negro veio para a região de Viçosa, como escravo acompanhando seus senhores procedentes das regiões das minas de Ouro Preto, Mariana e Piranga, à procura de terras próprias para a lavoura.  Entre os principais grupos africanos trazidos para o Brasil, destacaram-se bantos e sudaneses:
·         Bantos: eram originários da África central, geralmente de Angola e Congo. Foram levados principalmente para Pernambuco, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Considerados mais pacíficos e adaptados ao trabalho.
·         Sudaneses: provinham das regiões africanas de Daomé (Benin), Nigéria e Guiné, na África ocidental, e foram levados principalmente para a Bahia. Considerados mais fortes e inteligentes, sendo assim, mais caros que os demais.
Uma vez em Viçosa permanecidos, estes negros, contribuíram para uma intensa e duradoura troca cultural com os demais povoadores que existiam no território. Elementos tais como: raciais, linguísticos, religiosos, econômicos, folclóricos, dentre outros elementos que ajudam a formar a identidade do povo viçosense.
Pensando como essa minoria busca seu lugar na sociedade enquanto agente histórico o trabalho não tem somente como objetivo trabalhar as heranças culturais oriundas dos povos africanos, mas também como o Dia Nacional da Consciência Negra interfere nessa relação e como seria o país ideal com uma plena consciência Negra.
Assim, a atividade contou com várias etapas, 3 delas feitas em sala de aula  e as demais realizadas como atividade extraclasse, na qual foi discutido cada um dos elementos referendados acima. As aulas foram explicativas e expositivas, utilizando do data show como recurso.
1º etapa: Uma breve contextualização sobre a escravidão no Brasil:
1.      O início do sistema de escravidão africana e Portugal com pioneiro no comércio através do Oceano Atlântico.
2.      Estimativas sobre o total de escravos trazidos para o Brasil.
3.      As condições dos navios negreiros. 
4.      Distinções entre escravos e principais grupos, exploração do mapa sobre as etnias africanas.
5.      Cultura, as lutas dos escravos e os quilombos como expressões das resistências negras.
6.      A necessidade e objetivos de comemoração do Dia Nacional da Consciência Negra.
A finalidade desta primeira etapa foi contextualizar os alunos na luta pela liberdade negra, entender os elementos presentes na comemoração da data e principalmente saber o grupo de escravo que veio para viçosa.
 2º etapa: A contribuição do negro Banto na identidade viçosense:
1.      A vinda dos primeiros negros a região de Viçosa e sua “utilidade”.
2.      O grupo de escravos que chegaram à região.
3.      A mistura do elemento negro com o elemento branco.
4.      A contribuição cultural.
5.      Fatores que expressavam o racismo e segregação do negro contra o branco na região de viçosa.
6.      A presença cultural, social, religiosa, e demais contribuições que venceram ao tempo e forma, junto como outros elementos, para a formação da identidade do indivíduo viçosense.
Essa aula se mostrou importante para que os alunos entendessem a Viçosa do contexto estudado.
3º etapa: Desconstruindo estereótipos:
1.      Principais pensadores, literatos africanos, provérbios e conhecimentos africanos.
2.      Desconstruir a ideia de que o povo africano somente contribuiu na cultura brasileira porque foram tragos para o Brasil.
3.      Outros legados da cultura negra.
Nesta etapa busquei descontruir a ideia de que o povo africano é um povo vazio de cultura, que veio para o Brasil somente para o trabalho, mas que também contribuiu na construção da nossa cultura.
4º , 5º e 6º etapas: Esta etapa foi a consolidação do trabalho.
Fomos, eu e os alunos, a biblioteca municipal e na biblioteca da escola e fizemos o levantamento de tudo que existia nas mesmas sobre a história de Viçosa e distribuímos o material de acordo com o tema de cada grupo. Grupos estes que ainda na terceira etapa foram divididos em Culinária, dança/música, religião, vocabulário, grandes personalidades e literatura.


Em suma, os trabalhos produzidos foram expostos no dia da comemoração da consciência negra na escola, integrando o projeto “Talento não em cor” realizado por toda a escola. Tendo em vista que o tema abordado é de muita importância e deve estar sempre presente em nas discussões escolares, a abordagem do mesmo utilizado da história de sua cidade e de atores locais colocou o aluno frente a sua história, aprendendo de uma forma prazerosa e diversificada sobre a importância da cultura negra para a cidade, percebendo também a influência dos negros para a constituição da identidade viçosense. O trabalho teve uma ótima participação dos alunos, que dentre outras coisas, me surpreenderam pelo interesse e excelentes trabalhos produzidos.


Bibliografia:
BARROS, José D'Assunção. História, região e espacialidade. In: Revista de História Regional, v: 10, nº 01, 2005.
CARVALHO, José Geraldo Vidigal de Carvalho. A Escravidão: Convergências e Divergências. Minas Gerais: Editora Folha de Viçosa, 1988.
GOUBERT, Pierre. História Local. In: Revista Arrabaldes, nº 1, maio/agosto, 1988.
MATTOSO, Kátia M. de Queirós. Ser escravo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2003.
PANIAGO, Maria do Carmo Tafuri. Viçosa – Mudanças Socioculturais: Evolução, História e Tendências. Minas Gerais: Imprensa Universitária, 1990.
PANIAGO, Maria do Carmo Tafuri. Viçosa-Tradições e Folclore. Minas Gerais: Imprensa Universitária, 1983.
PINSKY, Jaime. Escrvidão no Brasil. São Paulo: Contexto, 2000. p.56-78.
RABELO, Ernane;; TORQUATO, Fernanda(orgs.). Viçosa de Perfil. Viçosa, Minas Gerais: Editora UFV, 2010.
SCHWARTZ, Stuart B.  Segredos internos: Engenhos e escravos na sociedade colonial, 1550-1835. Companhia das Letras, 1995.

Bolsista: Roberta Avanci
 

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