Este trabalho foi
desenvolvido tendo em vista as comemorações do Dia Nacional da Consciência
Negra, contou como o apoio da Professora Maria Alice e os estudantes do
primeiro GA da Escola Estadual Effie Rolfs. (Veja o planejamento da atividade)
O Dia da Nacional da
Consciência Negra, se tornou não mais um mero dia no calendário nacional, mas
uma forma de lembrar o sofrimento dos negros ao longo da história e da busca por
garantir seus direitos sociais. Um dia marcado pela luta contra o
preconceito racial, contra a inferioridade da classe perante a sociedade, o
respeito enquanto pessoas humanas, além de discutir e trabalhar para
conscientizar as pessoas sobre a importância da raça negra na formação do povo
e da cultura do nosso país.
Buscando inserir a
realidade do aluno no conteúdo programático, pretendi realizar uma pesquisa e
confeccionar um trabalho sobre a participação do elemento negro na história da
cidade Viçosa-MG. Aliando História Local no contexto da História Nacional como
forma dos alunos entenderem que os indivíduos históricos se relacionam e que a
história de sua cidade não é um caso isolado, mas que num mesmo discurso ela é
também um agente histórico.
Segundo PANIAGO (1990)
o elemento negro veio para a região de Viçosa, como escravo acompanhando seus
senhores procedentes das regiões das minas de Ouro Preto, Mariana e Piranga, à
procura de terras próprias para a lavoura.
Entre os principais grupos africanos trazidos para o Brasil,
destacaram-se bantos e sudaneses:
·
Bantos:
eram originários da África central, geralmente de Angola e Congo. Foram levados
principalmente para Pernambuco, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Considerados
mais pacíficos e adaptados ao trabalho.
·
Sudaneses: provinham
das regiões africanas de Daomé (Benin), Nigéria e Guiné, na África ocidental, e
foram levados principalmente para a Bahia. Considerados mais fortes e
inteligentes, sendo assim, mais caros que os demais.
Uma vez em Viçosa
permanecidos, estes negros, contribuíram para uma intensa e duradoura troca
cultural com os demais povoadores que existiam no território. Elementos tais
como: raciais, linguísticos, religiosos, econômicos, folclóricos, dentre outros
elementos que ajudam a formar a identidade do povo viçosense.
Pensando como essa
minoria busca seu lugar na sociedade enquanto agente histórico o trabalho não
tem somente como objetivo trabalhar as heranças culturais oriundas dos povos
africanos, mas também como o Dia Nacional da Consciência Negra interfere nessa
relação e como seria o país ideal com uma plena consciência Negra.
Assim, a atividade
contou com várias etapas, 3 delas feitas em sala de aula e as demais realizadas como atividade
extraclasse, na qual foi discutido cada um dos elementos referendados acima. As
aulas foram explicativas e expositivas, utilizando do data show como recurso.
1º
etapa: Uma breve contextualização sobre a escravidão no Brasil:
1. O início do sistema de escravidão africana
e Portugal com pioneiro no comércio através do Oceano Atlântico.
2. Estimativas sobre o total de escravos
trazidos para o Brasil.
3. As condições dos navios negreiros.
4. Distinções entre escravos e principais
grupos, exploração do mapa sobre as etnias africanas.
5. Cultura, as lutas dos escravos e os
quilombos como expressões das resistências negras.
6. A necessidade e objetivos de comemoração
do Dia Nacional da Consciência Negra.
A finalidade desta
primeira etapa foi contextualizar os alunos na luta pela liberdade negra,
entender os elementos presentes na comemoração da data e principalmente saber o
grupo de escravo que veio para viçosa.
2º etapa: A contribuição do negro Banto na
identidade viçosense:
1. A vinda dos primeiros negros a região de Viçosa
e sua “utilidade”.
2. O grupo de escravos que chegaram à região.
3. A mistura do elemento negro com o elemento
branco.
4. A contribuição cultural.
5. Fatores que expressavam o racismo e
segregação do negro contra o branco na região de viçosa.
6. A presença cultural, social, religiosa, e
demais contribuições que venceram ao tempo e forma, junto como outros
elementos, para a formação da identidade do indivíduo viçosense.
Essa aula se mostrou
importante para que os alunos entendessem a Viçosa do contexto estudado.
3º
etapa: Desconstruindo estereótipos:
1. Principais pensadores, literatos
africanos, provérbios e conhecimentos africanos.
2. Desconstruir a ideia de que o povo
africano somente contribuiu na cultura brasileira porque foram tragos para o
Brasil.
3. Outros legados da cultura negra.
Nesta etapa busquei
descontruir a ideia de que o povo africano é um povo vazio de cultura, que veio
para o Brasil somente para o trabalho, mas que também contribuiu na construção
da nossa cultura.
4º
, 5º e 6º etapas: Esta etapa foi a consolidação do
trabalho.
Fomos, eu e os alunos,
a biblioteca municipal e na biblioteca da escola e fizemos o levantamento de
tudo que existia nas mesmas sobre a história de Viçosa e distribuímos o
material de acordo com o tema de cada grupo. Grupos estes que ainda na terceira
etapa foram divididos em Culinária, dança/música, religião, vocabulário,
grandes personalidades e literatura.
Em suma, os trabalhos
produzidos foram expostos no dia da comemoração da consciência negra na escola,
integrando o projeto “Talento não em cor” realizado por toda a escola. Tendo em
vista que o tema abordado é de muita importância e deve estar sempre presente
em nas discussões escolares, a abordagem do mesmo utilizado da história de sua
cidade e de atores locais colocou o aluno frente a sua história, aprendendo de uma
forma prazerosa e diversificada sobre a importância da cultura negra para a
cidade, percebendo também a influência dos negros para a constituição da
identidade viçosense. O trabalho teve uma ótima participação dos alunos, que
dentre outras coisas, me surpreenderam pelo interesse e excelentes trabalhos
produzidos.
Bibliografia:
BARROS, José D'Assunção. História, região e espacialidade. In: Revista de História Regional, v: 10, nº
01, 2005.
CARVALHO, José Geraldo Vidigal de
Carvalho. A Escravidão: Convergências e Divergências. Minas Gerais: Editora
Folha de Viçosa, 1988.
GOUBERT, Pierre. História Local. In: Revista
Arrabaldes, nº 1, maio/agosto, 1988.
MATTOSO,
Kátia M. de Queirós. Ser escravo no Brasil. São Paulo: Brasiliense, 2003.
PANIAGO, Maria do Carmo Tafuri. Viçosa –
Mudanças Socioculturais: Evolução, História e Tendências. Minas Gerais:
Imprensa Universitária, 1990.
PANIAGO, Maria do Carmo Tafuri.
Viçosa-Tradições e Folclore. Minas Gerais: Imprensa Universitária, 1983.
PINSKY, Jaime. Escrvidão no Brasil. São
Paulo: Contexto, 2000. p.56-78.
RABELO, Ernane;; TORQUATO, Fernanda(orgs.). Viçosa
de Perfil. Viçosa, Minas Gerais: Editora UFV, 2010.
SCHWARTZ, Stuart B. Segredos internos: Engenhos e escravos na
sociedade colonial, 1550-1835. Companhia das Letras, 1995.
Bolsista: Roberta Avanci
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