Na Escola Municipal Ministro Edmundo Lins, a professora
Sueli Saraiva trabalhou com os alunos do quarto período da Educação de Jovens e
Adultos a Era Vargas. O presidente Getúlio Vargas chega ao poder através da
Revolução de 1930, governando o Brasil por quase vinte anos, abrindo um período
de modernidade, voltada para aspectos políticos, sociais e econômicos
brasileiros, até então nunca trabalhadas. No tempo em que permaneceu no poder
foi chefe de um governo provisório (1930-1934), presidente eleito por voto
indireto (1934-1937) e ditador (1937-1945).
Durante seu
governo ocorreram diversas transformações nacionais propiciando um
desenvolvimento da industrialização e das cidades. O Estado se torna forte e
começa a interferir na economia, instaurando uma nova relação com os
trabalhadores urbanos. O espírito nacionalista de Vargas fez com que ele fosse
considerado o mais importante e influente nome da política brasileira no século
XX.
A Era
Vargas, além ter sido um período de modernização foi também palco de intensos
acontecimentos como: Revolução Constitucionalista de 1932, Constituição de
1934, Política paternalista varguista, Criação da Ação Integralista Brasileira
(AIB) e Aliança Nacional Libertadora (ANL), Política econômica e administrativa
do Estado Novo, Criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão
responsável pela censura do período e Transformação social e política
trabalhista com a criação da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
Sobre esse
último ponto citado é que resolvemos ampliar as discussões na turma do quarto
período. É interessante destacar que na Educação de Jovens e Adultos é
importante que tudo aquilo que está sendo ensinado esteja voltado à experiência
de vida daqueles alunos, de forma que os conteúdos não estejam desconectados de
sua realidade pessoal. Sendo assim, como praticamente a totalidade dos alunos
também são trabalhadores, discutir sobre a CLT nos pareceu muito relevante.
Em 1943,
Getúlio Vargas editou a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT): a principal
norma legislativa brasileira referente ao Direito Processual do Trabalho e ao
Direito do Trabalho. O seu principal objetivo é regulamentar as relações
individuais e coletivas do trabalho. Dentre essas leis se destacam: criação do
salário mínimo e da carteira de trabalho, direito a férias anuais remuneradas,
jornada diária de 8 horas, regulamentação do trabalho do menor e da mulher,
descanso semanal e direito à previdência social. Com o decorrer do tempo essas
leis foram se ampliando com o intuito de propiciar uma melhoria de vida ao
trabalhador e a sua família, como a criação do décimo terceiro salário, do
benefício para ajudar no sustento dos filhos de até 14 anos e a obrigatoriedade
do Fundo de Garantia por tempo de serviço.
Após a
exposição dos conteúdos sobre a Era Vargas e as transformações ocorridas no
Brasil ao longo desse período apresentei aos alunos as leis trabalhistas que
nele foram criadas. A cada lei que eu apresentava, os alunos deveriam comentar
a sua relevância e discutir os seus impactos sobre os trabalhadores. Essa aula
foi bem interessante, pois os alunos apresentavam relatos de suas experiências
de trabalho e também tiraram dúvidas em relação a essas leis.
Após essa
explicação propus um debate orientado por algumas questões para que os alunos
pudessem expor suas opiniões tirar as dúvidas relativas ao tema. As principais
questões foram: Qual a importância da CLT para a conquista de direitos do
trabalhador brasileiro? Qual a situação do trabalhador no Brasil hoje? O que
melhorou? Quais críticas ainda são passíveis de se fazer? A principal questão
discutida durante a aula foi relativa ao emprego informal.
Mesmo após
décadas da morte de Getúlio Vargas, menos da metade dos trabalhadores
brasileiros tem carteira de trabalho assinada. A maior parte dos trabalhadores
se encontram empregados no mercado informal, não sendo contemplados por esses
benefícios previstos por lei. Partindo dessa afirmação, propus aos alunos que
respondessem de forma escrita as seguintes questões: Qual a importância de ser
empregado com registro de carteira? e Por que muitos patrões não registram seus
empregados?
O resultado
dessa atividade foi satisfatório, pois apesar da dificuldade dos alunos com a
escrita (alguns são semianalfabetos), a maioria da turma conseguiu expor o seu
ponto de vista e o mais interessante: souberam associar o que foi pedido com a
realidade do seu trabalho, destacando principalmente a importância da segurança
de trabalho e a garantia de uma aposentadoria. Dessa forma, fica cada vez mais
claro que o ensino na Educação de Jovens e Adultos quando desvinculado do
cotidiano de seus alunos não desperta-lhes interesse, fazendo com que os conteúdos
se tornem sem sentido para os mesmos. Sendo assim, todas as nossas propostas
para esses alunos tem objetivo de buscar essa relação.
*Imagens disponíveis
em: http://www.hojeemdia.com.br/noticias/economia-e-negocios/flexibilizac-o-das-leis-trabalhistas-requer-cautela-alertam-sindicalistas-1.117731
e http://www.hojeemdia.com.br/noticias/economia-e-negocios/flexibilizac-o-das-leis-trabalhistas-requer-cautela-alertam-sindicalistas-1.117731
REFERÊNCIAS
BRAICK, Patrícia Ramos. História das Cavernas ao terceiro
milênio. 2ª ed. – São Paulo: Moderna, 2006.
COTRIM, Gilberto. História Global – Brasil e Geral. Volume
único. 8ª edição. São Paulo: Saraiva, 2005. Volume único.
Era Vargas. Disponível em:
http://www.brasilescola.com/historiab/era-vargas.htm.
MARTINS, Heloísa H. T. de Souza. O Estado e a burocratização
do sindicato no Brasil.
São Paulo: HUCITEC, 1978.
MUNAKATA, Kazumi. A Legislação trabalhista no Brasil. São
Paulo: Brasiliense, 1982.
Bolsista: Laís Maia
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